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HOMEM DE VISÃO DO ANO – 2009

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alonso2009RIO (cadê o sol, gente boa?) – E então que anos depois Nick Fry revela que Fernando Alonso recusou uma proposta da Brawn para defender a equipe em 2009…

Fry era dirigente da equipe, montada sobre os escombros da Honda. Alonso, naquela época, já tinha voltado para a Renault depois de quebrar o pau com Hamilton na McLaren.

Olhando agora, é claro que diante de uma informação dessas a nossa única reação é: nossa, que anta. Devia ter ido correndo! Afinal, a Brawn fez um carro imbatível, que acabou campeão com Jenson Button — um bom piloto, sem dúvida, mas que não faz parte de nenhuma lista dos dez melhores da F-1 em todos os tempos. Talvez nem dos 20 melhores. Nem dos 30. Bom piloto, bom sujeito, ponto.

Mas acho que todos fariam o mesmo que Alonso, naquela situação. Quem apostaria uma peseta furada naquela aventura em 2009? Ross Brawn comprara a equipe pagando aos japoneses uma quantia simbólica que, na época, disseram ter sido de um dólar. Isso porque a Honda decidiu de uma hora para outra, no final de 2008, se livrar de sua operação na F-1, que só tinha trazido dissabores nas temporadas anteriores. Quanto antes saíssem, melhor. E pegaram todo mundo de surpresa — inclusive Bruno Senna, que muito provavelmente seria seu piloto titular se a montadora seguisse na categoria.

Ross encarou o desafio/maluquice. Costurou um acordo com a Mercedes para ter motores e finalizou o projeto de carro que já tinha sido iniciado por ele e pela Honda muitos meses antes. E com sua genialidade de engenheiro multicampeão, encontrou uma brecha no regulamento que resultou nos famosos difusores duplos — que acabariam sendo o grande diferencial da equipe no campeonato.

Foi tudo feito a toque de caixa, e a Brawn só conseguiu aparecer na pista na penúltima sessão de testes coletivos, em Barcelona, 20 dias antes da abertura da temporada. Barrichello, que já estava praticamente descartado da categoria, aceitou um contrato confeccionado às pressas e se juntou a Button, que com o fim da Honda também não tinha muitos lugares para correr.

O carro surgiu todo branco com detalhes em amarelo marca-texto. E logo de cara andou uma barbaridade, deixando o mundo de queixo caído. Rubens e Jenson imediatamente perceberam o que tinham nas mãos: um foguete. Mas tudo tinha de ser feito na correria, a equipe mal tivera tempo de providenciar uniformes, adesivos, motorhome, funcionários, nada. Houve apenas mais um teste coletivo em Jerez, e depois viria a estreia em Melbourne. Daria certo, aquilo?

Bem, foi um espanto. Já na Austrália, primeira fila e dobradinha, com Button e Barrichello desaparecendo na frente de todos. Nunca ninguém tinha visto algo parecido. E o resto é história.

Imaginar Alonso ao volante daquele carro extraordinário é desses exercícios divertidos de “como seria se…”. O cara talvez ganhasse todas as provas do ano, chegando ao tricampeonato e dando um rumo completamente diferente a sua carreira.

OK, talvez menos no que diz respeito a vencer todas. A Brawn arrebentou a boca do balão de verdade na primeira metade daquele campeonato, com Button chegando em primeiro em seis das sete primeiras etapas. Depois, só administrou. Barrichello ganhou duas — aliás, a última vitória brasileira na F-1 é dessa temporada, em Monza. Enquanto Jenson empilhava vitórias, ele reclamava dos freios.

A concorrência só acordou depois que a FIA declarou serem legais os difusores duplos que a Brawn usou desde o início, recurso aerodinâmico contestado pelas grandonas Ferrari e McLaren. Foram atrás e começaram a se recuperar, mas já era tarde.

No fim das contas, Vettel foi o vice-campeão de 2009 com quatro vitórias e Webber levou mais dois GPs, elevando a Red Bull definitivamente à condição de time de ponta. Alonso foi apenas o nono colocado, com um mísero pódio (em Cingapura) e uma pole incrível (na Hungria). No ano seguinte, iria para a Ferrari.

Foi um Mundial bem doido, esse da Brawn, marcado também pelo acidente de Massa em Budapeste. Badoer e Fisichella substituíram-no, e o desempenho de ambos foi horroroso. Antes, a Ferrari tentou tirar Schumacher da aposentadoria, mas ele estava todo dolorido por conta de um acidente de moto pouco antes. Teve também demissão de Bourdais pela Toro Rosso no meio do ano. E a estreia de Kobayashi no fim.

Foi também em 2009 que a FIA determinou a volta dos pneus slick, acabando com aqueles feiosos com sulcos, e introduziu o KERS. Eteve mais. Duas semanas antes de começar o campeonato, Bernie decidiu que o campeão seria aquele com mais vitórias, não o que somasse mais pontos, criando um sistema de medalhas semelhante ao dos Jogos Olímpicos. A tolice foi vetada pelas equipes rapidamente — o que impediu que internassem o simpático Ecclestone num hospício.

Nesse cenário de loucura geral, Alonso provavelmente seria campeão. Provavelmente continuaria na equipe no ano seguinte, já comprada pela Mercedes, e não iria para a Ferrari. E o que aconteceria depois, bem, isso é difícil tentar adivinhar.


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